Hidrolato (Hydrosol): A Água Perfumada
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Hidrolato ou Hidrossol
Água condensada resultante do processo de extração de um óleo essencial por arraste a vapor ou nas palavras de Suzanne Catty, autora do livro “Hydrosols: The Next Aromatherapy”, “hidrolatos são a água condensada coproduzida durante a destilação a vapor ou hidro destilação de material vegetal para fins aromaterapêuticos”.
Características
Líquidos de baixa viscosidade com pH geralmente variando de 5 a 6 (levemente ácido), portanto desfavoráveis a contaminação bacteriana. Quando adequadamente armazenados (lugar fresco, frasco âmbar de vidro e bem fechado), podem conservar suas propriedades químicas por até 3 anos, em média.
Principais aplicações
Cosméticos (inclusive como conservantes), perfumaria, alimentos e aromaterapia.
Hidrolato ou Hidrossol
O hidrolato, também conhecido por hidrossol, água floral ou água perfumada, é a água condensada resultante do processo de extração de um óleo essencial por arraste a vapor ou, nas palavras de Suzanne Catty (2001), autora do livro “Hydrosols: The Next Aromatherapy”, “hidrolatos são a água condensada coproduzida durante a destilação a vapor ou hidro destilação de material vegetal para fins aromaterapêuticos”. Isto significa que, através destes métodos de extração (a vapor ou hidro destilação), após o vapor passar pelo condensador – onde é resfriado -, alguns elementos bioativos e aromáticos da planta se unem a água e não ao óleo essencial. Forma-se, então, o hidrolato (hidro=água, do latim + late=leite, do francês), um produto rico em propriedades terapêuticas cuja composição se dá por um blend de componentes hidrossolúveis, moléculas de óleo essencial e o próprio fluído que corre pelas células da planta matriz. Comercialmente, embora os hidrolatos sejam tão antigos quanto a própria destilação e, talvez, tenham sido o motivo original para a invenção deste processo, sua aplicação na aromaterapia é bastante nova – mas vem crescendo, inclusive, com usos nas indústrias de cosméticos e perfumaria.
“Curiosidade: diz-se que na França algumas fábricas de cosméticos recepcionam seus clientes e visitantes com um copo de hidrolato diluído em água e misturado com mel.”
Características
O hidrolato, que nem sempre apresenta um odor agradável, possui pH ácido (3-6), tornando-o pouco propício ao crescimento bacteriano. De acordo com Suzanne Catty (2001) em “Hydrosols: The Next Aromatherapy”, o hidrolato de gerânio tem pH entre 4.7 e 4,9, o de lavanda entre 5.6 e 5.9, o de murta QT cineol na faixa de 5.8, o de alecrim QT cineol por volta de 4.2 e o de orégano em 4.2 também. Assim sendo, aparentemente, nenhum hidrolato apresenta pH alcalino (> 7.0). Aliás, a determinação do pH é um método simples, porém eficiente, para se avaliar possíveis contaminações bacterianas em um hidrolato; pois se alcalino, é provável que haja contaminantes (bactérias). Como regra geral, inclusive, diz-se que hidrolatos mais ácidos – com pHs entre 3 e 4 – são mais estáveis e por isso suas validades são maiores, de 2 anos ou mais. De outra banda, aqueles com pHs em torno de 5.0 são mais instáveis, e por isso devem ter um prazo de validade entre 12 e 18 meses. Ainda, quando recém extraídos, os hidrolatos são considerados estéreis uma vez que resultam da condensação do vapor a altas temperaturas, na casa dos 100oC. Todavia, com o tempo, não são imunes a contaminações – razão pela qual devem ser adequadamente armazenados em locais frescos e em recipientes bem lacrados, de preferência de vidro âmbar. Em algumas situações, conforme as legislações vigentes em cada país, é obrigatório a adição de conservantes aos hidrolatos para que eles possam ser livremente comercializados. No Brasil, por exemplo, eles são registrados na Anvisa como um “cosmético” e geralmente utilizam uma pequeníssima quantidade de óleo essencial de tea tree (melaleuca), em torno de 0,1 ou 0,2%, como agente conservante ou preservante.
Desde que bem acondicionados (in natura), os hidrolatos podem conservar suas propriedades químicas por até 3 anos (em média). No entanto, isto irá naturalmente depender dos constituintes presentes neles, exemplo: há hidrolatos que possuem constituintes com características antissépticas, e, por esta razão, eles têm um shelf life (vida de prateleira) mais longo. É o caso dos de tomilho, melaleuca e orégano. Já hidrolatos como os de louro e junípero, pela experiência de Catty, são mais instáveis, bem como aqueles que contêm um alto teor de cineol. Mas, na natureza, nem sempre é possível o estabelecimento de “regras gerais”, afinal, o hidrolato de murta QT cineol, embora rico em cineol, têm uma vida útil bastante longa. E, o de junípero, embora apresente um pH entre 3.3 e 3.6 – o que pela regra o enquadraria como um produto estável, é na verdade instável. Neste caso, do junípero, a instabilidade pode estar relacionada ao seu alto fator de rH2, unidade que se traduz na sua susceptibilidade por perder elétrons e, naturalmente, oxidar-se. No que se refere aos constituintes, conforme já exposto, os hidrolatos podem apresentar uma riquíssima composição; um blend de componentes hidrossolúveis (+) moléculas de óleo essencial (+) o próprio fluído que corre pelas células da planta matriz. No hidrolato de lavanda, por exemplo, já foram identificados aproximadamente 40 componentes, sendo o linalol – monoterpeno que possui um delicioso cheirinho doce, o seu constituinte principal. Neste caso, o linalol, além de muito aromático, é um poderoso agente relaxante, empregado pela indústria farmacêutica em formulações no combate à depressão. É por conta destes benefícios terapêuticos que várias indústrias já estão substituindo a água pura, matéria-prima de quase toda formulação, por hidrolatos a fim de “turbinarem” terapeuticamente os seus produtos.
Há hidrolatos que são capazes de conservar suas propriedades químicas por até 3 anos, mas isto depende, obviamente, dos constituintes químicos naturalmente presentes neles. Por exemplo: hidrolatos que possuem constituintes com características antissépticas, tais como os de melaleuca, orégano e tomilho, têm um shelf life (vida de prateleira) mais longo.
Propriedades Terapêuticas dos Hidrolatos
Os hidrolatos são naturalmente suaves, efetivos e, na maioria das vezes, podem ser aplicados puros sobre a pele. Conforme Suzanne Catty (2001) em “Hydrosols: The Next Aromatherapy”, há hidrolatos para os mais diversos fins, como os que atuam para refrescar, estimular a circulação, baixar a temperatura corporal, rejuvenescer, reduzir o impacto e os danos da exposição solar, eliminar microrganismos, perfumar (em substituição aos desodorantes industrializados), etc. Para usá-los corretamente, é importante conhecer a origem de cada um, seus pHs, QTs (quimiotipos) e suas propriedades, pois, cada uma destas variáveis impacta diretamente no objetivo terapêutico. Exemplos: 1) Origem: o óleo essencial de cálamo (Acorus calamus) proveniente da Europa e Ásia contém altos níveis de uma cetona tóxica chamada β-azarona. Por isso, os hidrolatos destes óleos devem ser evitados. De outra banda, o óleo produzido no Canadá desta mesma espécie de cálamo é completamente livre de β-azarona, o que torna possível a utilização segura do seu hidrolato. 2) pH: o pH do hidrolato de ládano é bem ácido, de 2.9 a 3.1. Por esta razão, ele é adstringente; o qual contrai as células sobre as quais é aplicado. É indicado, portanto, para estancar sangramentos, combater a acne e reduzir as rugas. Já o hidrolato de lavanda, com o seu pH quase neutro, pode ser uma ótima escolha para remover sujidades de feridas, afinal, é capaz de expulsar estes detritos com maior facilidade; enquanto as células permanecem abertas. Ou seja, só pela variação do pH, nota-se uma boa diferença no mecanismo de ação de cada hidrolato. 3) QT (quimiotipo): em rápidas palavras, o quimiotipo se refere a “variedade química” de uma planta e isto, obviamente, reflete nas propriedades terapêuticas dos hidrolatos. Para o tratamento de infecções fúngicas mais leves, como uma onicomicose inicial, um bom hidrolato é o de tomilho qt. linalol, o qual pode ser aplicado topicamente sem diluições. Já para uma infecção fúngica moderada, necessita-se de um tipo fenólico mais forte, como o qt. timol. Todavia, devido a dermocausticidade do qt. timol, recomenda-se diluí-lo antes do uso. Uma considerável diferença entre eles, não? Por fim, com relação as propriedades terapêuticas dos hidrolatos, sabe-se que muitas delas estão atreladas ao que se conhece de cada planta bem como de seus óleos, conforme abaixo.
HIDROLATO DE ALECRIM QT CÂNFORA (Rosmarinus officinalis)
● pH: 4.6 – 4.7
● Características: conforme Suzanne Catty (2001) em “Hydrosols: The Next Aromatherapy”, na primeira impressão, o hidrolato de alecrim é quase floral, seguido por um suave aroma de alecrim. É bastante estável, aliás, os alecrins são conhecidos por serem poderosos antioxidantes, entretanto, alguns quimiotipos são mais instáveis. O QT cânfora é o que possui a vida útil mais longa.
● Propriedades e Aplicações: trata-se de um ótimo antioxidante e apresenta um ótimo desempenho em tratamentos de pele, o qual é considerado um tônico para peles normais e oleosas. Ao ser misturado com o hidrolato de cedro, promove saúde e brilho aos cabelos, atenuando inclusive a queda e a caspa seborreica. É levemente estimulante para a circulação, o que ajuda a liberar os ácidos úrico e lático do tecido muscular e pode ser empregado em conjunto com tintura de arnica em compressas tópicas para a artrite, reumatismo e gota. (*) deve ser evitado por gestantes, em especial no primeiro trimestre de gravidez.
HIDROLATO DE CAMOMILA (Matricaria recutita)
● pH: 4.0 – 4.1
● Características: conforme Suzanne Catty (2001) em “Hydrosols: The Next Aromatherapy”, o hidrolato de camomila possui uma nota de cabeça ligeiramente afiada e muito verde, que é seguido por um aroma de chá de camomila e por uma nota de base fresca e úmida. Tem um aroma complexo e bastante evolutivo. É bastante estável.
● Propriedades e Aplicações: trata-se de um excelente anti-inflamatório para todos os tipos de tecidos internos e externos. Traz benefícios a todos os problemas que causam vermelhidão na pele, tais como erupções cutâneas, queimaduras (inclusive solares), coceiras e até alguns tipos de eczemas e psoríases. Também é útil para tratar veias inflamadas ou inchadas, hemorroidas, varizes e vasos rompidos. É levemente antibacteriano e antisséptico; capaz de eliminar maus odores dos pés (borrifando-o duas ou três vezes por semana). É sedativo e calmante, o qual é costumeiramente empregado para acalmar bebês ou crianças, facilitando o sono. Na Europa, inclusive, ele é misturado a própria água da banheira. Para os homens, este hidrolato atua como uma excelente loção pós-barba, pois além de calmante da pele, age como suavizante e adstringente. No campo sutil, é extremamente energético, poderosamente calmante e emocionalmente reconfortante, permitindo a abordagem das questões relacionadas ao coração com maior clareza.
HIDROLATO DE LAVANDA (Lavandula angustifolia)
● pH: 5.6 – 5.96
● Características: conforme Suzanne Catty (2001) em “Hydrosols: The Next Aromatherapy”, o hidrolato de lavanda possui um aroma flora-doce, instantaneamente reconhecível, embora apresente uma forte nuance de mel, o qual acaba sendo mais profundo e com uma nota mais básica em relação ao óleo essencial. Seu sabor é muito açucarado, semelhante ao da erva seca. É, também, bastante estável, mas seu odor pode sofrer variações após 18 ou 20 meses.
● Propriedades e Aplicações: como o seu pH é próximo ao da maioria dos cosméticos “estabilizados”, este hidrolato pode ser utilizado em todos os tipos de pele, em especial as danificadas ou frágeis, onde a ação regenerativa da lavanda traz muitos benefícios. É bastante empregado em máscaras faciais – a fim de se obter uma limpeza profunda e hidratante – e como demaquilante e loção de limpeza de uso diário. É também aplicado antes e depois do barbear ou da depilação para reduzir inflamações e obter uma remoção mais rente, evitando pelos encravados. Ajuda a acalmar queimaduras solares, erupções cutâneas, insolações, lesões, picadas de insetos e coceiras. Nas crianças, seu aroma doce e alegre acaba por facilitar o uso; o qual pode ser diluído à água do banho ou borrifado diretamente na cama para promover uma ótima noite de sono. As meninas, inclusive, geralmente adoram o seu perfume e por isso acabam utilizando-o como colônia – sem qualquer probabilidade de reações alérgicas (dermatite de contato). Por fim, também é tradicionalmente utilizado para dores de cabeça e tensão, através de compressas sobre o pescoço, ombros e testa. No campo sutil, trata-se de um exuberante calmante e refrescante, capaz de acalmar e tranquilizar espíritos agitados.
HIDROLATO DE TEA TREE (Melaleuca alternifolia)
● pH: 3.9 – 4.1
● Características: conforme Suzanne Catty (2001) em “Hydrosols: The Next Aromatherapy”, o hidrolato de tea tree possui um cheiro de desinfetante: medicinal, azedo e pungente. É bastante estável.
● Propriedades e Aplicações: trata-se de um exímio antisséptico, antifúngico, antibacteriano e antiviral. Sob a forma de gargarejo, é bastante utilizado contra dores de garganta, aftas, tosse, gengivite e mau hálito. Topicamente, pode ser empregado para limpar cortes, arranhões e feridas de todos os tipos. É ótimo como coadjuvante no tratamento de infecções fúngicas nas unhas, que podem ser mergulhadas nele ou através de compressas. A psoríase relacionada a infecções por Streptococcus também pode ser tratada com este hidrolato – aplicando-o diretamente sobre as áreas afetadas. Por fim, é revitalizante e muito refrescante, sendo ótimo para borrifá-lo em casa ou no trabalho a fim de manter estes ambientes livres de microrganismos.
Outros Hidrolatos e Suas Propriedades
● Hidrolato de Eucalipto Globulus (Eucalyptus globulus): possui aroma semelhante ao óleo, mas não tão canforado. É a primeira escolha para problemas respiratórios: tosse, resfriado e infecção pulmonar. Ótimo para gargarejos e como enxaguante bucal. Fortalece o sistema imunológico e, ainda, é um excelente estimulante mental e físico.
● Hidrolato de Gerânio (Pelargonium graveolens): tal como o seu óleo essencial, possui um belo aroma floral doce que traz equilíbrio. É ótimo para todos os tipos de pele e ajuda a controlar a produção de sebo, mantendo a pele macia e sem oleosidade. Trata-se ainda de um tônico para o sistema nervoso, capaz de levantar o ânimo e a autoestima.
● Hidrolato de Hortelã Pimenta (Mentha piperita): excelente tônico para a pele, útil para refrescá-la em dias de calor excessivo. Também demonstra ótimos resultados para coceira, psoríase e eczema. Facilita a digestão, reduz os espasmos e ainda é um exímio antisséptico.
● Hidrolato de Neroli (Citrus aurantium): trata-se de um hidrolato muito calmante, ótimo para ansiedade e stress. Shirley Price recomenda-o para pessoas que sofrem de transtorno afetivo sazonal (TAS) ou para aliviar o stress e perturbações emocionais. É útil para superar o medo de voar ou qualquer outra situação de ansiedade. Também é um adstringente médio, que pode trazer benefícios a pele oleosa.
● Hidrolato de Olíbano (Boswellia carterii): seu primeiro efeito é de expansão da energia. Ótimo para ser utilizado antes da meditação. Na parte respiratória, mostra-se um excelente expectorante; útil também para inflamações na boca e nas gengivas sob a forma de gargarejos. Na pele, confere sedosidade e ainda atenua marcas de expressão.
● Hidrolato de Rosa (Rosa x damascena): limpa e tonifica suavemente todos os tipos de pele, mantendo o equilíbrio do pH e estimulando o processo de regeneração. Suas propriedades antibacterianas, inclusive, ajudam a combater a acne de forma suave, ao contrário de vários outros tratamentos convencionais. Demonstra efeito calmante no caso de queimaduras e outras situações de irritabilidade dérmica. No campo emocional, trata-se de um calmante, sedativo e antidepressivo, o qual vem sendo empregado na culinária da Índia, Turquia e Marrocos há séculos.
● Hidrolato de Sálvia Sclarea (Salvia sclarea): é conhecido por ser o “hidrolato da mulher”, pois é capaz de atenuar os diversos sintomas da menopausa e TPM, como cólicas, inchaços, retenção de líquidos e irritabilidade. Moderado antiespasmódico e anti-inflamatório, pode ser usado topicamente e internamente, com efeitos nos sistemas circulatório, endócrino, digestivo, muscular e nervoso. Atua também como antidepressivo e afrodisíaco.
● Hidrolato de Ylang Ylang (Cananga odorata): com seu delicioso aroma floral, é considerado um belo calmante, sendo bastante indicado para a hora de dormir. No cuidado da pele, é valorizado por seus efeitos tônicos, equilibrando a pele seca ou oleosa. Também é um ótimo afrodisíaco.
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